pólo de produção em dança
pérfida iguana
Um instante anterior
à extrema violência
2015 | 150 min
temporada de estreia
e exposição na galeria olido
premiações
Projeto contemplado pelo ProAc - Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo - primeiras obras de dança (2014).
sobre
A dança é pensada junto a uma paisagem asséptica e ficcional construída, dentro da qual duas figuras convivem à mostra do público pelo período de duas horas e meia. Situadas entre coisa, humano e animal, as figuras se relacionam a partir de ações simples e distendidas no tempo, dando ao público a possibilidade de visualizá-las pelo tempo, distância e ângulo que desejar.
ficha
Concepção e performance
Carolina Callegaro
Renan Marcondes
Cenotecnia
Zang&Zagatti
Provocação
Andreia Yonashiro
Carlos Canhameiro
Trilha
André Bordinhon
Luz
Daniel Gonzalez
Produção
Tetembua Dandara
Video
Bruta Flor Filmes
créditos: Mariana Chama
pesquisa
Em Um instante anterior à extrema violência, a pesquisa interessada em investigar novas possibilidades do humano, sempre cara aos artistas do Pérfida Iguana, assumiu uma forma laboratorial, como se o projeto de uma futura humanidade (que borrasse a fronteira entre animalidade e racionalidade) fosse não mais elaborado discursivamente, mas testado in vitro. Como se trocássemos as imagens de livros de anatomia e os conceitos aprendidos na prática de técnicas de educação somática por obras pictóricas estranhas e “incorretas” (as pinturas de Eduardo Berliner foram a principal inspiração). Buscávamos estados corporais híbridos, entre animal, coisa e humano, cujas regras de convívio também se orientavam por cores e ações abstratas com objetos, na qual se reconheciam vestígios de humanidade.
Nos opusemos a qualquer pensamento humanista (no sentido de apostar confiantemente na potência do que já é compreendido como humano, potência que sempre acaba se invertendo em poder dominador) bem como a qualquer pretensão de virtuosidade do corpo (baseada necessariamente em conceitos e moldes pré-determinados de beleza e virtude, num “bom” treinamento que permita uma “boa” expressividade); e na contramão desses lugares comuns, construímos corpos alheios a organizações facilmente reconhecíveis como próprias do “humano”, corpos que se organizam horizontalmente em relação ao chão, que caem constantemente, que se movem muito lentamente, exercitando um projeto hipotético de futuro no qual o corpo pudesse não ser mais reconhecido como humano, como sujeito ereto dominador de uma natureza do qual se faz proprietário.